População Negra é a Maior Vítima do Consumo de Álcool no Brasil, Revela Estudo

A população negra é a mais atingida pelas mortes atribuídas ao uso de álcool no Brasil, de acordo com a publicação “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024”, lançada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). Este estudo revela desigualdades significativas nos impactos do consumo de álcool entre diferentes grupos raciais no país.

Dados do Estudo

Em 2022, a taxa de mortes totalmente atribuíveis ao álcool foi de 10,4 por 100 mil habitantes entre a população negra, enquanto para pessoas brancas a taxa foi de 7,9, uma diferença de cerca de 30%. Entre as mulheres, a disparidade é ainda mais acentuada: a taxa de óbitos entre mulheres pretas e pardas é de 2,2 e 3,2, respectivamente, comparada a 1,4 entre mulheres brancas.

Fatores Contribuintes

A desigualdade racial histórica no Brasil, especialmente no acesso a tratamentos de saúde, é um dos principais fatores que explicam essa disparidade. Pessoas negras enfrentam maior vulnerabilidade social devido ao racismo e à pobreza, o que dificulta o acesso a serviços de saúde de qualidade. Estudos internacionais também identificam a discriminação racial como um estressor potencial, contribuindo para problemas físicos e emocionais, bem como comportamentos de risco associados ao consumo de álcool.

Impacto nas Mulheres Negras

O estudo destaca que 72% dos óbitos por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool ocorrem entre mulheres pretas e pardas. As dificuldades enfrentadas por essas mulheres em diversos aspectos da vida podem propiciar o uso excessivo de álcool, além do estigma relacionado ao alcoolismo e à falta de tratamento adequado, que podem levar a outros problemas sociais e de saúde.

Conclusão

Diante desse cenário, é crucial aumentar a conscientização sobre o abuso de álcool e seus impactos na saúde da população negra, bem como promover a inclusão e a diversidade nos serviços de saúde mental para garantir que todos tenham acesso igualitário a cuidados de qualidade. A interrupção da tendência de queda nas mortes atribuíveis ao álcool durante a pandemia ressalta a necessidade de ações contínuas e eficazes para enfrentar esse problema.