Nos últimos dez anos, o número de pacientes aguardando por um transplante de córnea no Brasil quase triplicou, passando de 10.734 em 2014 para 28.937 em junho de 2024. Este aumento significativo é atribuído a diversos fatores, incluindo a interrupção de cirurgias eletivas durante a pandemia de Covid-19 e a insuficiência de doadores para atender à demanda crescente.
A média nacional de espera para um transplante de córnea é de 194 dias, o que equivale a pouco mais de seis meses. No entanto, em alguns estados, como Maranhão e Pará, o tempo de espera pode chegar a 595 dias, ou aproximadamente 19 meses. Em contraste, estados como Ceará e Paraná apresentam tempos de espera significativamente menores, de 63 e 119 dias, respectivamente.
A presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Wilma Lelis, destacou a necessidade urgente de melhorar a infraestrutura dos bancos de olhos no país e aumentar a conscientização sobre a doação de córneas. Segundo ela, para zerar a fila de espera, seria necessário praticamente dobrar a capacidade anual de transplantes realizado.
Entre 2014 e junho de 2024, um total de 146.534 transplantes de córnea foram realizados no Brasil. No entanto, a demanda continua a superar a oferta, com mais de 28 mil pessoas ainda aguardando pelo procedimento. A maior concentração de pacientes em lista de espera está na Região Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro liderando o ranking.
A situação é crítica e exige ações coordenadas entre governo, profissionais de saúde e a sociedade para aumentar o número de doadores e melhorar a gestão dos transplantes. A conscientização sobre a importância da doação de córneas pode ser um passo crucial para reduzir a fila de espera e devolver a visão a milhares de brasileiros que aguardam por essa chance.