Ribeirão Preto, 18 mar, 2025
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Estudo aponta relação entre dependência da internet e ideação suicida entre jovens

6 meses atrás
© Marcelo Camargo/Agência Brasil
6 meses atrás

Um estudo recente revelou uma preocupante relação entre a dependência da internet e a ideação suicida, especialmente entre jovens. A pesquisa, conduzida por especialistas em saúde mental e divulgada nesta quarta-feira (18), apontou que o uso excessivo da internet está associado a um aumento significativo de pensamentos suicidas e sintomas depressivos, reforçando a necessidade de ações voltadas para o uso consciente da tecnologia.

O estudo analisou o comportamento de mais de 3 mil adolescentes e jovens adultos entre 15 e 25 anos em diferentes regiões do Brasil. Os resultados mostraram que aqueles que passam mais de cinco horas por dia conectados à internet apresentam um risco maior de desenvolver transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.

A relação entre uso excessivo da internet e saúde mental

A pesquisa destacou que a dependência da internet pode levar ao isolamento social, à perda de horas de sono e à exposição frequente a conteúdos que agravam sentimentos de angústia e solidão. Plataformas como redes sociais, fóruns e sites de notícias, muitas vezes, contribuem para o aumento da ansiedade e da comparação social, fatores que podem desencadear crises emocionais e pensamentos negativos.

“É importante notar que não se trata apenas do tempo que os jovens passam conectados, mas também da forma como interagem com o conteúdo online. O consumo excessivo de redes sociais, especialmente quando se compara constantemente a própria vida com a dos outros, pode resultar em uma deterioração da saúde mental”, explicou um dos autores do estudo.

A pesquisa também identificou um grupo de risco: adolescentes que usam a internet como forma de fuga de problemas pessoais, como conflitos familiares, dificuldades acadêmicas e relacionamentos interpessoais problemáticos. Para esses jovens, a internet pode se tornar uma válvula de escape perigosa, que os afasta ainda mais das interações sociais saudáveis.

Impacto das redes sociais

Entre os jovens analisados, aqueles que relataram maior uso de redes sociais foram os mais afetados pelos sentimentos de solidão e tristeza. “O efeito da comparação social nas redes pode ser devastador. Muitos jovens acabam se sentindo inadequados ao se compararem com padrões inatingíveis de beleza, sucesso e felicidade mostrados nas redes, o que contribui para o aumento da frustração e da baixa autoestima”, destacou a coordenadora da pesquisa.

O estudo também apontou que o cyberbullying, bastante comum em plataformas digitais, é um fator que agrava a situação de jovens que já enfrentam questões emocionais. A exposição constante a ataques virtuais, humilhações e exclusões nas redes pode intensificar sentimentos de desesperança, levando alguns ao extremo de considerar o suicídio.

Ideação suicida e saúde mental

A ideação suicida, caracterizada por pensamentos recorrentes sobre a própria morte ou planos de tirar a própria vida, é um dos sintomas mais graves observados em pessoas com transtornos mentais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e o estudo reforça a ligação desse comportamento com o uso desregulado da internet.

Os pesquisadores alertam que os pais e educadores devem estar atentos aos sinais de dependência da internet e aos possíveis impactos na saúde mental dos jovens. “Precisamos de um esforço conjunto para promover o uso saudável da tecnologia e criar espaços seguros de diálogo sobre as emoções que os jovens estão experimentando. A dependência da internet não pode ser ignorada como um fator de risco”, concluiu um dos especialistas.

Estratégias de prevenção

O estudo sugere a implementação de programas educacionais que promovam o uso consciente da internet, além de iniciativas voltadas para a saúde mental nas escolas e universidades. A ideia é equipar os jovens com ferramentas que lhes permitam reconhecer os riscos associados ao uso excessivo da internet e buscar apoio quando necessário.

Além disso, os pesquisadores sugerem que plataformas digitais sejam responsabilizadas pela criação de ambientes online mais seguros, com mecanismos que impeçam a disseminação de discursos de ódio e comportamentos abusivos.

“O desafio é criar uma cultura digital mais saudável, onde o bem-estar emocional seja uma prioridade, e isso requer esforços tanto das empresas de tecnologia quanto das famílias e escolas”, afirmou a pesquisadora.

Próximos passos

A equipe de pesquisadores agora pretende expandir o estudo para outras faixas etárias e grupos sociais, a fim de compreender melhor como a dependência da internet afeta diferentes populações. O objetivo é usar esses dados para informar políticas públicas que promovam a saúde mental e o uso responsável das tecnologias digitais.

Enquanto isso, a conscientização sobre a importância de equilibrar o uso da internet com atividades presenciais, como a prática de esportes, momentos de lazer em família e conversas cara a cara, é vista como uma das principais formas de reduzir os efeitos negativos do uso excessivo da internet.

Fabio Benedicto

Fábio Benedicto é o editor-chefe da Folha de Ribeirão. Com mais de 15 anos de experiência no jornalismo, Fábio é conhecido por sua dedicação à verdade e à integridade jornalística. Ele lidera a equipe com paixão e compromisso, garantindo que todas as notícias sejam apuradas com rigor e precisão.

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