Uma pesquisa recente revelou que 54,9% da população brasileira apoia o retorno do horário de verão, uma medida que foi suspensa em 2019 e está em debate para possível retomada. O estudo, divulgado nesta quarta-feira (18), mostrou que a maioria dos brasileiros acredita que a alteração nos relógios traria benefícios, principalmente em relação à economia de energia e à adaptação ao aumento de luz solar no verão.
O horário de verão foi adotado pela primeira vez no Brasil em 1931 e, ao longo das décadas, passou por diversas alterações e períodos de implementação. A medida consistia em adiantar os relógios em uma hora durante o verão, aproveitando a maior incidência de luz solar e reduzindo o consumo de energia elétrica no final da tarde e início da noite.
Economia de energia em debate
Um dos principais argumentos para o retorno do horário de verão é a economia de energia, especialmente em tempos de crise hídrica e aumento nos custos de eletricidade. De acordo com especialistas, a mudança no horário pode ajudar a reduzir o consumo durante o pico de demanda, aliviando o sistema elétrico em momentos críticos.
Entretanto, estudos mais recentes indicam que a economia de energia proporcionada pelo horário de verão tem sido cada vez menor, devido à modernização do sistema elétrico e ao aumento no uso de aparelhos de ar-condicionado e equipamentos eletrônicos que consomem energia em horários variados.
“O impacto econômico do horário de verão é bem diferente de como era há 20 ou 30 anos. Hoje, o uso de energia está mais distribuído ao longo do dia, o que reduz a eficácia da medida em termos de economia”, explicou um especialista do setor energético.
Divisão de opiniões
Embora a maioria dos brasileiros apoie a volta do horário de verão, a pesquisa também mostrou que 45,1% da população é contra a medida. Os principais motivos citados pelos que se opõem incluem o impacto no sono e a dificuldade de adaptação à mudança de horário, especialmente nos primeiros dias após a alteração.
“Para muitas pessoas, a mudança de horário afeta o relógio biológico, causando cansaço e irritabilidade. Isso é particularmente evidente em trabalhadores que começam o expediente muito cedo, antes do amanhecer”, afirmou um médico especialista em sono.
Além disso, algumas regiões do Brasil, como o Norte e o Nordeste, não obtêm o mesmo benefício do aumento de luz solar que o Sul e o Sudeste, o que gera uma percepção de que o horário de verão traz mais desvantagens do que vantagens para esses estados.
Retorno em discussão
O governo federal está avaliando a possibilidade de retomar o horário de verão como parte de uma série de medidas para mitigar a pressão sobre o sistema energético, mas ainda não há uma decisão oficial. O Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que a questão está sendo analisada com base em estudos técnicos e na opinião pública.
“A decisão de retornar com o horário de verão precisa considerar tanto os impactos econômicos quanto os efeitos no cotidiano da população. Estamos estudando todas as possibilidades para determinar o que é mais benéfico para o país”, declarou um porta-voz do MME.
Impacto no cotidiano
A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os aspectos do cotidiano mais afetados pelo horário de verão. Entre os pontos positivos, os apoiadores destacaram a possibilidade de aproveitar mais o tempo livre após o trabalho, com atividades ao ar livre e lazer. A economia de energia em casa, devido ao uso reduzido de iluminação artificial, também foi citada como um benefício.
Por outro lado, os contrários ao horário de verão relataram dificuldades de adaptação, especialmente em relação ao sono. “Eu acordo muito cedo para trabalhar e, com o horário de verão, isso fica ainda mais difícil, pois ainda está escuro”, comentou um entrevistado que não apoia a medida.
Próximos passos
O governo ainda deve realizar novas consultas e estudos para determinar se o horário de verão será retomado em 2024. Caso a medida seja aprovada, os relógios serão adiantados em uma hora a partir de outubro, como acontecia antes da suspensão.
Enquanto a decisão não é tomada, o debate continua dividindo opiniões entre os que veem o horário de verão como uma oportunidade de economia e os que acreditam que os impactos no cotidiano superam os benefícios econômicos.