O clima seco que atinge Ribeirão Preto nas últimas semanas tem agravado casos de alergias e problemas respiratórios, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Com a baixa umidade do ar e a ausência de chuvas, o aumento na concentração de poluentes e partículas de poeira tem sido um fator determinante para a piora na qualidade do ar, intensificando as queixas de alergias e doenças respiratórias.
Segundo a Secretaria de Saúde do município, houve um crescimento significativo no número de atendimentos relacionados a doenças respiratórias, como rinite alérgica, asma e sinusite, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nos pronto-atendimentos da cidade. Os hospitais também registram maior procura por tratamentos para problemas relacionados ao clima seco, com destaque para os casos de falta de ar e crises alérgicas.
Impactos na saúde
Médicos alertam que a baixa umidade do ar resseca as vias aéreas, facilitando a irritação das mucosas do nariz, garganta e olhos, o que acaba desencadeando crises alérgicas e respiratórias. A pediatra Renata Campos, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, explica que as crianças são as mais vulneráveis nesses períodos. “Elas possuem um sistema imunológico em desenvolvimento, o que as torna mais suscetíveis a crises alérgicas e infecções respiratórias”, destaca.
Entre os sintomas mais comuns observados estão espirros frequentes, coriza, tosse seca, irritação nos olhos e sensação de ardência na garganta. Pacientes que já possuem condições crônicas, como asma e bronquite, também enfrentam crises mais intensas e frequentes.
Além disso, o tempo seco favorece o acúmulo de poeira, ácaros e outros agentes alergênicos dentro de casa, agravando ainda mais os quadros de alergia. “Com o ar mais seco, há uma maior liberação de partículas que irritam as vias respiratórias, como fungos, polens e pelos de animais”, explica a alergista Fernanda Silva.
Aumento nos atendimentos
De acordo com a Secretaria de Saúde, o aumento de atendimentos por doenças respiratórias nas últimas semanas foi de cerca de 30%, e há preocupação com o agravamento da situação, caso as chuvas não retornem nos próximos dias. As UBSs estão reforçando o estoque de medicamentos para tratamento de crises alérgicas e respiratórias, como anti-histamínicos, broncodilatadores e corticosteroides.
A pasta também orienta a população a buscar atendimento médico nos primeiros sinais de complicações respiratórias, evitando que o quadro de saúde se agrave. “Quanto mais cedo o tratamento adequado for iniciado, menor o risco de complicações e a necessidade de internação”, explica o secretário de saúde.
Recomendações para minimizar os efeitos
Especialistas recomendam algumas medidas para amenizar os efeitos do tempo seco e reduzir o risco de crises alérgicas e respiratórias:
- Hidratação: Manter-se bem hidratado é fundamental para evitar o ressecamento das vias aéreas. Beber bastante água ao longo do dia ajuda a manter o corpo funcionando adequadamente, mesmo em condições climáticas adversas.
- Uso de umidificadores: Utilizar umidificadores de ar ou bacias de água nos ambientes internos pode ajudar a aumentar a umidade do ar e evitar o ressecamento. Além disso, lavar o nariz com soro fisiológico é uma prática recomendada para desobstruir as vias aéreas.
- Evitar poeira e ácaros: Manter a casa limpa, com os ambientes arejados e evitar o acúmulo de poeira é essencial. Trocar a roupa de cama regularmente e higienizar tapetes e cortinas também ajuda a prevenir crises alérgicas.
- Cuidado com a prática de exercícios ao ar livre: Em dias de muito calor e baixa umidade, é recomendável evitar a prática de atividades físicas ao ar livre, especialmente nos horários mais quentes do dia. O ideal é praticar exercícios em ambientes fechados e bem ventilados.
- Higienização dos olhos: Lavar os olhos com soro fisiológico é indicado para prevenir irritações oculares, comuns em períodos de seca. O uso de óculos de sol também pode ajudar a proteger os olhos da poeira e do vento.
Previsão do tempo
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a umidade relativa do ar em Ribeirão Preto tem atingido níveis críticos, próximos a 20%, bem abaixo do ideal para a saúde humana, que é de 60%. A previsão para os próximos dias não indica chuvas significativas, e o cenário de baixa umidade deve se manter, o que aumenta a necessidade de cuidados preventivos.
Cuidados com grupos de risco
Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas formam os grupos de maior risco em períodos de clima seco. Para esses indivíduos, além das medidas já mencionadas, é importante evitar a exposição prolongada ao ar condicionado, que também pode ressecar o ambiente. O uso de máscaras em ambientes muito secos e poluídos pode ser uma medida adicional para prevenir irritações.