Sob o ponto de vista legal, não dá para contestar a eleição de nenhum candidato eleito nestas eleições, considerando as regras do jogo previamente postas. Pronto, Ricardo Silva está eleito Prefeito Municipal de Ribeirão Preto, para o mandato 2025/2028, e desejamos sucesso a sua gestão e governança da cidade. Encerra o processo eleitoral e começa o desafio processo de gestão, coma transição, a posse, a gestão e governança e por fim, a avaliação dos resultados obtidos (objetivos e metas prometidos e demandados, a qualidade (eficiência, eficácia e efetividade) e os índices de satisfação e reconhecimento final da população da cidade. Gente se aproximando e jurando ser RS desde criancinhas não faltarão, muitos dos quais meros oportunistas buscando realizar algum interesse pessoal e de conveniência. Cabe ao eleito cair ou não no canto das sereias, e olha que elas não existem segundo a lenda, mas que las hay, las hay, na cidade, aos borbotões, muitos dos quais bastante conhecidos inclusive.
Mas isto, porém, muda a realidade, que é substância, e para além do formal, e analisando a realidade dos fatos revelada pelas urnas, se tem informações sobre a eleição de vencedores e os resultados, que talvez não o deslegitime, mas exige do eleito, um equilíbrio e uma consciência política de que venceram, mas não necessariamente isto significa que levaram algo além do poder, a confiança, o reconhecimento dos eleitores e da população.
No caso de Ribeirão Preto, por exemplo Ricardo Silva levou 131.421 votos e Marco Aurélio 130.734, uma diferença de apenas 687 votos, o que por si só divide os votos válidos. Sem deixar de lembrar, porém que 35.681 eleitores compareceram à seção eleitoral, mas anularam ou votada em branco, mostrando, claramente, insatisfação com os dois candidatos e preferindo não escolher nenhum, e que 179.759 sequer se dignaram a comparecer para votar, um numero muito acima da votação dos dois candidatos e representando.
Assim, considerando na cidade, apenas os 477.595 aptos a votar, temos na realidade 37,64% de eleitores que preferiram não votar; 27,52% que preferiram Ricardo Silva; 27,37% que preferiram Marco Aurélio; 7,47% que não queriam nenhum dos dois.
Se considerarmos a população total da cidade, então, 704.874 (2024) habitantes, temos que 32,24% dos moradores da cidade não são eleitores; 25,50% não quiseram nem votar; 18,64% escolheram Ricardo Silva; 18,55 escolheram Marco Aurélio; sendo que 5,07% não queriam nenhuma das duas opções.
Assim, podemos dizer que Ricardo Silva venceu legitima e legalmente. Mas não levou, pois teve o reconhecimento de fato e real de apenas 27,52% dos eleitores da cidade, o que é pouco mais de ¼, e 18,64% da população da cidade. Para obter o reconhecimento de sua gestão e legitimidade, porém, vai precisar mostrar bastante competência política, para agregar na sua gestão os 72,48% de eleitores que não o escolheram, ou 81,36% dos moradores da cidade, que também não o escolheram, se desejar comandar a cidade para todos, não apenas para alguns.
É o jogo político e eleitoral que se apresenta, é com ele que terá que governar, e focar na sua gestão da cidade por 04 anos, e quiçá, consiga reverter ou melhorar esses números ao longo deles.
O Brasil e os brasileiros, confirmaram sua tradicional queda no espectro ideológico mais a Direita, o que não é uma novidade, embora com maioria, não com consenso e nem unanimidade; isto não desqualifica ou criminaliza, mas é uma mensagem a esquerda progressista para a necessidade de refletir e atualizar suas estratégias. E se há dois claros derrotados nesta eleição é o Bolsonarismo reacionário falso moralista, conservador e politiqueiro e o PSDB.