Entidades representativas do setor produtivo manifestaram descontentamento com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 12,75% ao ano, anunciada nesta quarta-feira (11) pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão, que segue em linha com a política de combate à inflação, foi recebida com críticas por associações industriais e comerciais, que alertam para os impactos negativos no crescimento econômico.
Críticas e preocupações
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o patamar elevado da Selic dificulta a recuperação do setor produtivo e encarece o crédito para empresas e consumidores. “A manutenção de juros tão altos em um momento de desaceleração econômica pode comprometer a geração de empregos e investimentos essenciais para o país”, afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da entidade.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) também se posicionou contra a decisão. “O consumidor já está retraído. Com juros elevados, o custo do financiamento aumenta, o que prejudica o comércio e os serviços, especialmente neste período de fim de ano”, destacou a nota oficial da entidade.
Impactos no setor produtivo e consumo
Economistas apontam que a Selic alta encarece empréstimos e financiamentos, impactando diretamente a capacidade de investimento das empresas e o consumo das famílias. Setores como construção civil, automotivo e tecnologia tendem a ser os mais atingidos.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) alertou para a redução nos pedidos de equipamentos industriais, indicando uma retração no planejamento de expansão das empresas.
Justificativa do Copom
O Copom justificou a manutenção da taxa pelo compromisso em controlar a inflação, que, apesar de mostrar sinais de arrefecimento, ainda permanece acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Segundo o comunicado, a decisão reflete preocupações com o cenário global e a instabilidade fiscal interna.
Projeções para 2024
Com a Selic em um dos níveis mais altos do mundo, analistas esperam que o Banco Central adote uma postura mais flexível a partir do segundo trimestre de 2024, caso a inflação mostre sinais consistentes de queda. Entretanto, o mercado financeiro mantém cautela diante da incerteza econômica e política.
Apelo por diálogo
Entidades empresariais pedem que o governo e o Banco Central dialoguem sobre alternativas que combinem o controle da inflação com medidas de estímulo ao crescimento econômico. “É necessário encontrar um equilíbrio para que o país possa crescer sem descuidar da estabilidade monetária”, afirmou José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O debate sobre a política de juros segue central no cenário econômico brasileiro, com impactos diretos no cotidiano de consumidores e empresários.